terça-feira, 13 de março de 2012

Dia de folga é dia de: Krlsruhe's state of art

Props povo do rectângulo,

nós os alemães gostamos de vos tratar assim, porque vocês devem-nos dinheiro e tal (tou a fazer de conta que sou um deles, para eles não me cobrarem a guita a mim). E eu passo por alemão, uma espanhola até pensou que eu era alemão depois falei-lhe em espanhol e ela percebeu que eu era português - nota: ela já estava uns km pra lá de Bagdad, pelo que tivemos que nos apresentar outra vez no dia seguinte e não tenho a certeza que ela não estivesse outra vez bêbada... É mesmo como diziam, os espanhóis estão sempre de roda no ar (e não só).

Intro.
Já lá vai algum tempo que não escrevinhava aqui, mas tenho andado a dar nas drogas e depois não consigo acertar com o buraco (para ligar o cabo da net), se fosse por wireless tudo era mais simples. Pois é, tanto nas residências como no meu trabalho, a net é por cabo ("wireless?? pra quê? a gente tem dinheiro, a gente compra cabo. Amanda-me vir aí 2km dele - mete na conta dos do rectângulo, eles tão-me a dever uns trocos"). 

Residências e seus habitantes.
Estamos morando nas residências. Ora, tudo aqui se torna diferente, pois já não partilhas o quarto com outros cavalos e o único ronco que lá se ouve é o teu (isto é muito importante na medida em que o único ronco que não te incomoda é o teu). No meu piso somos 7, 3 alemães (estranhos pa xuxu), 1 chinês (estranho pa xuxu), 1 romena (porreirinha) e um espanhol tb porreiro e que trabalha no mesmo lab que nós. Costumamos jantar quase sempre lá em casa e isto permite-nos ter uma percepção realista de coisas surreais. Como sejam: todos os spots reservados ao chinês parecem altares de adoração ao demónio, com comidas estranhas (uma delas parece cabelo), tem um cutelo (que deve servir para arrancar cabeças humanas com um golpe limpo e entregar em dádiva ao capeta) e "he eats dry worms... and they smell bad as hell", disse a romena, quase azul e nós a chorar a rir. Ora um dos alemães, vi-o apenas uma vez a passar no corredor... Hmm, já vi grandes filmes de terror menos bem realizados... A forma como ele se arrastava e aquela cara de "esquece, deixei a alma nas outras calças", não enganam: ou ele entregou a alma ao demo ou foi o chinês que o cozinhou e agora já só habita lá em casa o fantasma... O espanhol disse-nos que uma vez foi à cozinha e qd ligou a luz, estava lá esse alemão sentado, sozinho, no escuro... Hmm, pelo sim pelo não agora durmo com o cutelo debaixo da almofada. Outro dos alemães foi de erasmus no ano passado para o Chile, aquela merda foi tão boa para ele (deve ter achado estranho ver gente a rir-se sem ser "erasmus people") que veio de lá com um filho, que de vez em quando vem lá ficar mais a chilena mãe de sua cria. O outro alemão é... como hei-de dizer... hmm... nunca o vi! Não sei se o gajo tem uma brewery no quarto ou assim, ou se habitou por uma meia hora no wok do chinês e agora habita no seu intestino... A romena e o espanhol são boa onda, são mais da nossa cena e é fixe conviver com eles. O que é certo, é que os outros são uns grandes cromos mas não chateiam ninguém e nós é que fazemos a festa lá e inda nos rimos com eles.

Veículos ciclo-motorizados.
Entretanto também já adquirimos bikes, por preços razoáveis e que andam. Vamos trabalhar de bike, é giro. Para ir trabalhar atravesso o parque e, se esquecer que levo as mãos congeladas até dá pa degustar a paisagem e fico sempre a pensar pq não fazemos o mesmo em portugal, depois saio da bike e ao verificar que tenho as virilhas açadas obtenho aí a minha resposta enquanto, com andar à primata style, me dirijo para as portas automáticas que, em meu entender querem assassinar-nos à chapada.

O trabalho.
Ao nível do trabalho, o meu reactor inda não arrancou. Estamos em calibrações, medições, preparações, meios de cultura, pré-inóculos, etc. A ver se sexta inoculamos o "big guy" e começo a monitorizar aquele menino. Coisa chata é ter que ir trabalhar todos os dias, vida de operário não é fácil. Mas até estou a gostar do trabalho.

A roupa.
Lavar roupa é fácil (porque é a máquina que o faz) difícil é separá-la por raças (porque sou um bcd contra essas coisas) e metê-la e tirá-la da máquina e pô-la a secar e retirá-la do estendal e dobrá-la e arrumá-la direitinha de maneira a que não tenhamos que a passar e ela fique "usável". Tudo o resto, no que à roupa concerne, é fácil. 

Comida.
Alguém algum dia disse que a comida aqui era uma m*rda. Sábio senhor, a razão está convosco. Pelo que, sempre que podemos cozinhamos e saem belos pitéus, que até o espanhol está impressionado (ele que aprendeu umas coisitas à pressão antes de vir de erasmus, só para não definhar de fome até à morte ou ser confundido com uma minhoca seca e ser comido pelo chinês).

Night e tal.
Ora, uma das melhores partes desta situação toda, é, como diria a Bobone, o social. Há sempre montes de gente nova e com quem é interessante conversar e beber umas survias de 0,5L (por 0,45 eur no supermercado). Há gente a cozinhar cenas típicas do seu país e junta-mo-nos todos para degustar e regar tudo com o típico da alemanha, porque estamos cá temos que seguir os seus costumes. 

Ao nível da noite, já conhecemos aí alguns sítios. Por norma são porreiros e interessantes. Mas os que gostei mais foi a disco/bar/espaço para os alemães cometerem loucuras de seu nome MarktLuke e o bar shooters, sítios onde fomos no sábado. O shooters é um sítio bacana para regar a mula com shots porque tem pa lá uma porrada deles e um gajo nunca sabe o que vai sair dali (e depois de ter comido arroz numa sandes e omolete de massa, já nada me surpreende). O MarktLuke tem boa música, teve um gajo a entrar com uma cadeira na cabeça por lá dentro, tinha um que estava tão bêbado que andava ao sabor da dança das pessoas... Foi muito louco.

Notas finais.
- Quando estiveres na noite na alemanha e estiveres a ir numa fila e sentires 2 coisas nas costas (que em portugal sabes sempre o que é) não olhes para trás, pensa apenas que tas em portugal... É que aqui as pessoas são muito grandes...

- No Flohmarkt (espécie de feira para vender tudo o que existe, novo velho, vivo ou morto e foi onde comprámos a bike da bilhas por 35eur), regateia-se mais e melhor os preços do que em qualquer outra feira portuguesa, desde que saibas falar a língua;

- agora a sério, que espécie de moda ou movimento é este (patente nas fotos aí em baixo)???



(quer-me parecer que o chinês foi à caça... Antes eles que eu.)

cumps.

3 comentários:

  1. Em bem da verdade, foi a comida alemã que mais gostei até ao momento! Estávamos num jantar de aniversário e a bilhas pediu essa cena, provei, gostei, comi-lhe a omolete quase toda. LOL

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